29 de novembro de 2013

Camila Costa

Tentei ler a minha coleção de livros de ficção científica. Tem umas frases impactantes no meio daquelas coisas de naves e explosões. Nem isso funcionou dessa vez, a minha cabeça viajou tanto, mas tanto, que quase faltou gasolina. Faltou fôlego, na bem da verdade. Faltou um pouco de mim. E falta, diariamente. Mas quem é que nunca olhou o horizonte e se sentiu assim, distante? Como se a vida fosse inalcançável… Sonhos inalcançáveis. Eu queria tanto ter braços maiores, agarrar aquelas estrelas que - eu juro - me sorriem enquanto brilham. E isso não é ficção científica! Acontece que eu já não sou o que era, que aquilo que pretendo ser não se clareia e que tudo se confunde: os tempos verbais, a realidade e a ficção, os sonhos e os pesadelos, eu e os meus medos. A verdade é que talvez os vícios nunca sumam, os traumas nunca cicatrizem e as próprias verdades nunca apareçam. Se eu fosse Bukowski, beberia. Se eu fosse Vinicius de Moraes, comporia. Se eu fosse eu, ainda não encontrei a resposta. É por ser essa dúvida tão grande e abusar demais dos adjetivos que me perco, que me estendo cada vez que me me diminuo. Não há Bukowski que me embebede; não há Vinicius que me soletre. E não há ficção que me salve da realidade.

Camila Costa

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