16 de outubro de 2015

Quietude - Marla de Queiroz


"Quieta, silenciosa, transitando lentamente pela casa, habitando o por dentro amplamente. Organizando meus livros, minhas gavetas internas, desarrumando outros espaços que de tão organizados me impossibilitavam novas manobras. Ouvindo outras músicas, conhecendo outros ritmos, respeitando o meu. Que me importa se é quase carnaval e todos os blocos estão na rua? Quero é o aconchego da quietude, da minha cama quente, o barulhinho frenético do teclado do meu computador. E essa musiquinha calma que me embala, sussurra. Nada grita, nada desagrada, não há desconforto; apenas estou quieta, observando, percebendo outras sensações que não as já tão conhecidas. Comendo quando tenho fome, dormindo quando sinto sono, lendo pra me alimentar do que gosto, escrevendo quando posso, enfim, desfrutando o aconchego do meu próprio colo…Falando pouco, um pouco séria, mas a minha alegria ainda impera, permeia tudo, o estado é de contentamento.
Se estou muito quieta e se recuso todos os convites para a pré-folia, não se incomodem, é a paz instalada no peito, e eu me fazendo a melhor das companhias… Claro que vasculhando tudo encontrei muitos fantasmas, mas, acreditem, existem muitos fantasmas bons.
(E me lembro do que escrevi pra alguém que um dia estava passando por um momento semelhante: que mãos vazias ainda são as melhores para se colher flores…)"

Marla de Queiroz

Fabrício Carpinejar

"Ou esquecemos ou perdoamos, não dá para fazer os dois. Perdoar é sempre lembrar e sempre aceitar."

Fabrício Carpinejar

Schulz

Marla de Queiroz

"Dentro de mim, existe um Espaço Sagrado onde guardo minhas preciosidades.
Às vezes faço uma faxina lá e mudo tudo de lugar. Não é por maldade, é só vontade de ver um outro ângulo das coisas. Eu não gosto do olhar acostumado. Não gosto de ver um objeto num objeto, porque tudo pra mim tem entidade humana. E gente me tira o fôlego, vejo belezas demais quando amo, e amo sempre e tanto.
Às vezes eu desapareço mesmo, porque fico tão cansada. Fico tão cansada daquele cenário. Fico tão cansada daquele amor. Tão absurdada pelas coisas,me exaspero. Sempre é tanto. É que vivo num derramamento espesso de sentimento. Aí eu mudo o foco que é pra não cansar o outro também. Ou, às vezes eu não quero cuidar da ferida de ninguém, tão cansada que fico. Ou aquela alegria dele merece ser comemorada com outras pessoas porque estou no meu momento pleno de esvaziamento em que até a sedução me cansa. E só a solitude pode me acalmar.
Por isso durmo antes do sono.
Por isso, às vezes, tudo tão esquisito e ausente em mim.."

Marla de Queiroz

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